Eu.


"Eu e a solidão: aquilo que ninguém é capaz de compreender.
De certo nunca fui à pessoa mais normal, a mais legal, mais animada e divertida. Minha mãe sempre quis me levar até as coisas nas quais ela sempre sonhou fazer. Meu pai, sempre capacho dela, me fez fazer o que ela queria. Não tive muitos amigos e até hoje não tenho. Não gosto de ter muitos amigos. Gosto de ser mais amigo de mim mesmo. Vê se pode. Jovem, e com tudo que sempre quis. Gosto de viver só, gosto de poder ser auto-suficiente. E por favor, não me venha falando que todo mundo precisa de todo mundo, digo, eu sei que preciso do porteiro do meu prédio; preciso da moça que faz empadas daquela lanchonete que sempre vou. Sei que precisar de pessoas nesse sentido é vital, mas não me venha dizer que precisamos de tanto amor, tanto carinho, tanto “nhe-nhe-nhe”, porque não precisamos, aliás, precisamos apenas de alguém que nos compreenda, que esteja ali segurando a nossa mão, mas que não esteja tagarelando sobre a minha dor ou perguntando “você ta bem?” ou pior “eu sei que você não ta bem”. Quando sinto essa dor (que quase todo dia eu sinto) não quero perguntas, e muito menos contestações sobre o que eu sinto. Quero compreensão. É difícil entender? Acho que é mania da maioria dos seres humanos, quererem ser suficientes para os outros, quererem que os outros sejam suficientes para eles. Mas não temos que ser suficientes para os outros, devemos ser apenas para nós mesmo, isso basta. Por isso vez ou outra me encaram como frio. Mas não. Eu não sou frio, nem de longe. Sou quase que uma menininha indefesa que prefere franzir o cenho e encarar o monstro debaixo da cama do que chamar a mãe para ajudar, isso tudo porque quer se parecer com o irmão mais velho, que é maduro demais e não tem medo. Sou quase que uma criança que não conta para ninguém o seu medo de palhaço, e por isso evita ir aos circos com os amigos. Mas essa característica foge a regra em relação a mim. Tenho os mais belos sentimentos, e coleciono as mais profundas dores. Mas com o tempo eu aprendi a não sair mostrando tudo isso para qualquer um. Mostrar o que se sente é quase que entregar para um assaltante a senha do cofre de um desses museus super badalados onde se encontram um diamante de noventa e cinco quilates. Mostrar o que sente é quase se tornar vulnerável, a vírus extremamente devastadores. E por isso que me tornei assim. Cenho franzido e olhar longínquo. Por isso que me fechei debaixo desses cabelos sobre os olhos e livros sobre amores, nos quais eu sonho vorazmente ter. Abracei-me a essa solidão desde sempre, porque aprendi desde sempre, que sempre será apenas eu. Poderei ter um amigo aqui ou outro acolá, mas sempre, sem sombra de duvidas, quando a corda arrebentar e todos forem embora, sobrará somente a mim. Não porque eles são uns “filhos da puta”, mas sim, porque eles não têm de fato nada a ver com a corda que arrebenta ou a dor que me atormenta. Abracei-me a essa solidão, porque ela é a única que nunca nos deixa e a única que nos ensina: devemos ser suficientes para nós mesmos." 
— Lucas Rodrigues, LR.


                                                                                                                               Por:Douglas.

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